05 de junho a cidade de João Pessoa foi palco do lançamento oficial do projeto nacional da CONNEGRO – Coletivo Nacional de Organização Negra, que inicia um ciclo de mobilização em torno da Justiça Climática e do combate ao Racismo Ambiental. O evento marca o começo de uma jornada que reconhece a urgência de racializar o debate climático no Brasil e no mundo.
João Pessoa foi escolhida como cidade-referência, ao lado de Salvador, por compartilhar características de vulnerabilidade socioambiental: topografia sensível, desigualdades históricas, exclusão territorial e uma população predominantemente negra. O evento reuniu autoridades municipais de ambas as cidades, especialistas das áreas ambiental e racial, representantes do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, além de lideranças nacionais e internacionais, vindas de países africanos, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
A atividade deu início a uma série de escoltas temáticas — escutas populares e qualificadas — que irão percorrer diversos territórios urbanos e rurais, dialogando com a academia, a sociedade civil, os povos de terreiro, comunidades quilombolas, juventudes periféricas e representantes de saberes tradicionais. Um processo que busca consolidar uma pauta racializada, popular e estratégica frente à emergência climática.
O resultado dessas escutas será consolidado na Carta de Salvador, um documento político de afirmação e denúncia, que será entregue durante o Simpósio Internacional sobre Justiça Climática e Racismo Ambiental, em Salvador, em novembro de 2025, como parte das ações preparatórias para a COP30. A carta apresentará as demandas históricas da população negra, suas contribuições para o enfrentamento à crise ambiental, e sua exigência por reparação, protagonismo e políticas públicas estruturantes.
A CONNEGRO reafirma que sem justiça racial, não há justiça climática. O que está em curso é mais que um projeto — é uma convocação. E como bem ecoou hoje em João Pessoa: o povo negro está de pé, de punho erguido e com os olhos bem abertos.