O grupo Românticos de Itapuã é um verdadeiro símbolo da resistência e reinvenção da música romântica popular brasileira - especialmente aquela rotulada, muitas vezes injustamente, como "brega". Com mais de duas décadas de estrada, a banda nasceu da sensibilidade e talento do maestro Zizimo Galvão Santos, que, entre bailes e casas de show, construiu um repertório voltado para a diversão, o afeto e as emoções cotidianas do povo.
Após a morte de Zizimo em 2014, 0 grupo passou a ser conduzido por seu filho, Zizimo Fonseca Santos, trompetista com 30 anos de estrada.
Ele não apenas manteve vivo o legado do pai, como também reafirmou a missão do grupo: quebrar os preconceitos em torno do brega, elevando o estilo a um patamar de respeito, qualidade e emoção genuína.
Zizimo Fonseca defende que o brega romântico pode ser uma forma de arte sentimental, positiva e dançante, longe dos estigmas de vulgaridade que muitas vezes o cercam. Segundo ele, é possível, sim, produzir um brega de bom gosto, que fale de amor, saudade e também de desilusões, sempre com um toque de leveza e, às vezes, com a irreverência típica do gênero.
Com um time robusto de 14 músicos, os Românticos de Itapuã criam verdadeiros espetáculos, unindo metais, percussão, cordas e vozes marcantes em apresentações que são ao mesmo tempo nostálgicas e vibrantes. Uma das atuações marcantes foi no Centro Cultural Casa da Música, no Alto do Abaeté, em Itapua, onde se apresentaram ao lado da Orquestra Viva Vivaldo — omenagem ao maestro Vivaldo Conceição, ícone da música baiana e primeiro negro a integrar a Orquestra Sinfônica da UFBA.
Com sua proposta de resgate e renovação do brega, os Românticos de
Itapuã seguem encantando públicos diversos e mostrando que a música romântica popular pode ser feita com qualidade, alma e autenticidade. Eles são um exemplo de como tradição e inovação podem caminhar juntas, levando emoção a quem ouve — e dignidade a um gênero muitas vezes subestimado.